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2023 - FILHO DA ÁGUIA, PAI DO CONDOR. NÉSIO NASCIMENTO, O GATO MESTRE DA PASSARELA

Desfile
10ª escola a desfilar | 26/02/23 | Estrada Intendente Magalhães
Resultado
Vice-Campeã do Grupo B (LIVRES) com 269,4 pontos

 

FICHA TÉCNICA

Presidente
Raphaela Nascimento
Direção de Carnaval
Samuel Gasman

Autor do Enredo

Leandro Valente

Carnavalesco

Leandro Valente
Direção de Harmonia
Alfredo Dias e Livinha Pessoa
Direção de Bateria
Mestre Cabeça e Mestre Renato
Rainha de Bateria
Pryscila Vidal
1º casal de mestre-sala e porta-bandeira
Thaís Romi e José Roberto
Responsável pela comissão de frente
Ricardo Correa

Componentes

1.000

Alegorias

02 e 01 Tripé

SINOPSE DO ENREDO

Filho da Águia e pai do Condor. Nésio Nascimento, o gato mestre da passarela.

“Encontrei lá em Campinho

Um cantinho pra se amar

Onde o Condor fez um ninho Uma escola de samba...”

Nasci em berço de bamba

Em casa de manto azul e branco

Com a águia soberana abençoando minha vida e a dos meus irmãos

Sou filho de Natal da Portela

Herdei do meu pai a força e a vontade que ele tinha em fazer o povo feliz

No samba me criei

Em Madureira brotei minha raiz

Cresci como filho da águia Oh, Portela!

Eu nunca vi coisa mais bela

Por lá aprendi o valor de uma comunidade

E entendi o meu destino

Fui abençoado pelas minhas mães baianas.

Elas eram meu xodó Quituteiras

Senhoras dos rodopios

E sempre com uma dica para dar ao pé do ouvido

Ah, mães baianas...

Como aprendi com as senhoras

Nunca deixei de ser filho da águia

Mas o tempo nos faz entender que ciclos se fecham

Para que novos possam existir lindamente em nossas vidas

Segui meu caminho para construir minha família

Fui ousado

Ousei

Tenho orgulho disso

Em ato de liberdade me tornei pai

Pai do condor

Um condor imperial

A maior ave de rapina da natureza Isso foi em 1984

No dia primeiro de outubro

Data que marca o nascimento da minha escola de samba

Escola que virou nossa

Do povo

E para o povo

O manto azul e branco ganhou mais cores

Meu coração já pulsava em mais tons

Paleta da bandeira

Cores que marcaram minha história

Azul Royal do meu mar sagrado

Azul Turquesa do meu céu inspirador

Ouro do sol que iluminava meu caminho

Branco da infinita liberdade de podermos ser tudo o que quisermos ser

E Prata do brilho das noites estreladas

Das madrugadas de samba

Da lua cheia que refletia em Campinho minha inspiração

Não imaginava que meu nome pudesse voar alto

Voei E voamos numa ascensão meteórica

Meu sobrenome marcou o carnaval

Acho que meu nome também Nascimento de uma nova geração de artistas

De sambistas de alma, corpo e essência

O bailado ganhou holofote

O gingado ganhou endereço

O manto sagrado ganhou altar

O amor transformou-se em gente

Comunidade pulsante

Vibrante com grandes nomes que por lá passaram

Dona Augusta Seu Viriato Dona Lícia E Dona Rosa

Algumas flores do nosso jardim de arte

Sempre gostei de luz

No brilho eu podia ver o reflexo de tudo

Meu povo é de origem simples

De pouco luxo

De vida sem tinta

De pouco muito

Mas de muito amor

Na nossa casa eles brilhavam

Vejo daqui que ainda brilham Isso me deixa feliz

Tão feliz...

Confesso

Não foi fácil

Confesso

Crescer rápido demais incomoda

Admito

Acertei

Admito

Errei

Com a certeza de que tudo valeu a pena

E que voamos entre altos e baixos

Mas nunca deixamos de voar

Voamos até o Xingu Nas asas do pássaro guerreiro

Com as bênçãos de Rei Sinhô Rei Zumbi, Rei Nagô Eu também tô aí, tô aí sim sinhô

Voamos e sonhamos

O sonho nunca deixará de existir

Como os sonhos de Natal Nossa magia era levar um ano inteiro

Para poder desfilar na passarela Isso é carnaval

Eu vivi para isso

Eu vivi por isso

E comigo veio gente bamba

João Nogueira Paulo Cesar Pinheiro Veio Tarcísio de Guadalupe De Moraes, Chiquinho e Jorge Makumba Veio gente todos os cantos

Todas as cores, classes e raças

O Melhor da raça, o melhor do Carnaval

O legado que deixo deverá ser perpetuado

Levado pelas novas gerações

De geração a geração nas asas da Tradição

Em respeito ao que sempre respeitei

Pisar na sagrada passarela do samba

E não me leve a mal Hoje é carnaval

E sempre será

É nossa resistência

Continuamos a voar

Tenho uma relação bem curiosa com os pássaros

Estou sempre em suas asas

Como no dia que questionei se poderíamos mesmo bater asas

Passarinho, passarola, quero ver voar

Minha resposta veio com um sexto lugar

Melhor colocação na primeira divisão do altar

Minha história se mistura com a existência do samba

Do carnaval

Do riso

Das viagens que fazemos ao mundo encantado

Viagem fantástica ao pulmão do mundo

Mas sempre prezando a liberdade

De unir povos

De unir forças em nosso berço acolhedor

Sabe o que me define? Liberdade! Eu sou negro, raça e Tradição

E quando eu achava que não podia mais voar

E que estava com as pernas presas no chão

Foi que numa noite de luar

Tive a inspiração

De falar como o astro da televisão

Pensei... Hoje é domingo, é alegria, vamos sorrir e cantar

Cantamos Cantamos alto

E o país parou

Para ver o astro passar Silvio Santos vem aí, gritava o povo

Não posso negar

Meu condor imperial foi alto demais

Sobrevoou o país inteiro dessa vez

O céu de estrelas dos meus sonhos em Campinho

Eram reais

Estavam presentes em alegorias

E em todo o desfile

Quantas estrelas

Quanta luz

Quanto brilho

Brilhamos!

Entendi que podíamos bater asas

Para outros cantos e encantos

Outros destinos

Outras culturas

E o condor foi

Atravessou mares

Bahia de todos os deuses, contos de areia

E chegamos na China De sol a sol, de sol a soja Um negócio da China!

Sempre vi o desfile como uma forma de oração

Nossa comunidade com o canto na ponta da língua

Como um hino de fé

Nossas asas precisavam desbravar esses cantos de força religiosa

E foi em Juazeiro do Norte Terra de oração e trabalho

Que celebramos a fé, o poder e tradição

Admito

O mar sempre me encantou

Confesso

O mar sempre me fez inspirou

Gostava das sereias

Da beleza das deusas

Até pude conhecer algumas

Ouvi seus cantos e as encantei

E dessas maravilhas

Das maravilhas do mar

Fez-se o esplendor de uma noite

Relendo minha história

Parece que tudo foi um sonho

Sonho sonhado

Ou sonho real?

A interpretação pouco importa

Nunca fui de ligar para o que falavam de mim

Uma vez ouvi dizer que andavam me chamando de gato

Gato mestre

Eu gostava de rir dessas coisas

Humor sempre fez parte de mim

Assim como o sonho

Mas o sonho que vale a pena sonhar

Do tipo que sonhar com o rei dá leão

Entendi que amigos de verdade são poucos

E que quando estamos no auge são muitos

Mas que quando caímos

Ficam apenas os verdadeiros

E com as bênçãos de Nhá Chica

A beata negra e guerreira do Brasil

Pude recomeçar

Na família encontrei o meu lugar

E entendi que o condor nunca deveria parar de voar

Mas não mais sob o meu altar

Meu legado precisava continuar

E minha missão resolvi passar

Nunca deixei de orientar

Mas minha princesinha

Teve que ocupar o meu lugar

E ocupou

Me deu um orgulho danado vê-la por lá

Comandar

Brilhar

Criar

Lutar

E conquistar o seu lugar

Brilhou como sempre gostei

Nas águas de um lago cheio de cisnes

Brilhou exaltando histórias

Rompendo preconceitos

De Clementina à Sabá Homenageando minhas quituteiras

Até o Brasil exaltar

E o título conquistar

Admito

Não é fácil C

onfesso Vale a pena lutar

E parece que ensinei bem

Minha princesa vive por águas turbulentas

Aprendi que depois sempre vem a calmaria

Ela também irá entender

E desfrutar

Com sabedoria, amor e tradição

Acho que por hora

Falei demais

Poderia ficar dias contando casos

Histórias...

Mas teríamos que ter um lanche no meio da tarde

Com muito pão, queijo e mortadela para todos

Com bancos lotados de amigos e parceiros

De gente simples e guerreira

De gente que chamo de mau mau

Mas deveria ser apenas o BOM

Dos meus três filhos Raphinha, Rhodrigo e o condor imperial

Dos meus netos

Da minha parceira de anos

Da minha gente

Da minha comunidade

Da minha Tradição

Peço desculpas

Não me apresentei

Logo eu que sempre fui tão cordial

Dizem que me chamo Nésio

Nunca acertaram se é com S ou com Z

Nunca liguei

Mas meu nome não é apenas esse

Me chamo alegria

Me chamo ousadia

Me chamo vontade

Me chamo carnaval

Aqui do encantado posso continuar sobrevoando

Admirando cada sorriso

Cada gesto

Cada ação

Não é uma despedida

É apenas um até breve

Afinal, Isto sim, é a TRADIÇÃO

Um beijo No seu coração

 

Nésio Nascimento

Por Leandro Valente

SAMBA DE ENREDO

compositores
Lico Monteiro, João Perigo, Leandro Thomaz, Lucas Macedo e Richard Valença.
intérprete
Lico Monteiro

 

Voltei...

Nas asas de um Condor só pra te ver passar

O azul do céu encontra o azul do mar

Um filho da Águia não teme o infinito

É lindo ver

Aqui do alto a raiz florescer...

Um jardim de Rosas e Augustas

Lembro de quando voei por aí

Nos versos de João fiz carnaval

Herança de sambista é "Tradição"

Eterna como os sonhos de Natal

 

No meu quintal: sem luxo, sem tinta

Eu vi meu povo brilhar, laralaiá!

Aqui no céu... É noite ainda

A poesia encontra o luar!

 

Meu pai serei

Verdade em cada ensinamento

Herdei de você

O sobrenome Nascimento

Mas quando insistir a saudade

Você pode me encontrar

No mesmo altar em Campinho

Em cada esquina, na mesa do bar

Óh meu condor

Nunca esqueça o seu caminho

Te vi nascer um passarinho

 

Livre pra voar, voar!

E se a saudade apertar, princesa!

Mareja o meu olhar...

Nésio nossa eterna gratidão

Isto sim é a Tradição!

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