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1999 - Nos braços da história, Jacarepaguá, quatro séculos de glórias

Desfile
1ª escola a desfilar | 15/02/99 | Passarela do Samba
Resultado

12ª colocada no Grupo Especial (LIESA) com 250 pontos

FICHA TÉCNICA

Presidente
Nésio Nascimento

Autor do Enredo

Orlando Júnior

Carnavalesco

Orlando Júnior
Direção de Harmonia
Rosângela Santi
Direção de Bateria
Mestre Dacopê
Rainha de Bateria
Tiazinha, Roziane Pinheiro, Adriane Bom-bom e Alessandra Scatena
1º casal de mestre-sala e porta-bandeira
Danielle Nascimento e Julinho César Nascimento

2º casal de mestre-sala e porta-bandeira

Lúcia e Vinícius de Jesus Tomaz
Responsável pela comissão de frente
Roberto Lima e Getúlio Melo

Componentes

3.500

Alegorias

07

Alas

28

SINOPSE DO ENREDO

Entre as formas, que muitas formas tomam a vida, uma delas é Arthur Bispo do Rosário que viveu meio século na Colônia Juliano Moreira.

Desfiar de sentidos que acumulam as palpitações da matéria, que povoam os olhos, que sussurram aos ouvidos um mundo de Histórias e Glórias.

A "Minha passagem pela Terra."

Ninguém pois melhor do que ele para nos contar perante a presença do Grande Supremo e da humanidade, "Nos Braços da História, Jacarepaguá, Quatro Séculos de Glórias."

Jacarepaguá deriva-se de três palavras da língua Tupi-Guarani: YACARE (jacaré), UPÁ (lagoa) e GUÁ (baixa) - A "Baixa lagoa dos jacarés". Na época da colonização, as lagoas da baixada de Jacarepaguá eram repletas de jacarés, daí o nome. Antes da chegada dos europeus, a imensa região não tinha dono, embora existisse uma rica diversidade de seres vivos. Índios, animais e vegetais conviviam com inteligência em simetria às leis da Natureza. Essa harmonia ambiental cessou com o descobrimento do Brasil. O rei de Portugal passou a ser proprietário de tudo, com o poder de dividir o mundo descoberto entre vassalos, sem contudo, perder a autoridade central e absoluta. Seus representantes no Brasil também tinha direito de doar em seu nome terras para agricultura.

Eram chamadas Sesmarias.

A História de Jacarepaguá começou em 1567, dois anos após a fundação da cidade do Rio de Janeiro, quando Salvador Correia de Sá assumiu o cargo de primeiro governador da nova cidade e concedeu a dois auxiliares da administração, Jerônimo Fernandes e Julião Rangel, as terras de Jacarepaguá. Porém, Jerônimo e Julião nunca tomaram posse da Sesmarias concedidas.

Mais tarde, em 1594, o governador Salvador Correia de Sá revogou o ato anterior e doou as Sesmarias para seus filhos Gonçalo e Martim. A data da carta da concessão é de 09 de setembro de 1594. Os dois irmãos iniciaram a colonização de Jacarepaguá, principalmente Gonçalo. Martim dedicou-se mais à política. Foi governador do Rio de Janeiro, em dois períodos, no início do século XVII. Martim casou-se com a espanhola Maria de Mendonza e Benevides.

Dessa união surgiu a dinastia Sá e Benevides de grande importância na história de Jacarepaguá, principalmente seus sucessores: os Viscondes de Asseca.

Nas primeiras décadas do século XVII, Gonçalo fundou o engenho do Camorim e dentro do engenho a capela de São Gonçalo do Amarante, que ainda existe nos dias de hoje. No mesmo período, surgiram outras edificações na atual Freguesia que perduram até hoje: a Sede do Engenho D''Água e a Igreja de Nossa Senhora da Pena, no alto da Pedra do Galo. Na época, essa região de Jacarepaguá, já possuía razoável povoamento, em virtude dos diversos arrendamentos feitos pelos Correia de Sá. Assim, com a chegada dos primeiros escravos no Rio de Janeiro, que aconteceu em 1614, a maioria veio para os grandes foros de Jacarepaguá.

A característica de Jacarepaguá nos séculos XVII e XVIII, períodos mais ricos do Brasil-colônia, foi a ocupação dos portugueses com a criação de muitos engenhos de açúcar e ao mesmo tempo edificando capelas e igrejas, em comum acordo com o poder eclesiástico. Como os índios não aceitavam a servidão, os colonizadores apelaram para os escravos vindos da África.

Assim o povo indígena foi diminuindo até sua completa extinção ao mesmo tempo que os africanos cresciam nas terras de Jacarepaguá. A população da região em 1797 era de 1.905 habitantes, sendo 437 homens, 562 mulheres e 906 escravos. No início, a produção seguia pelo mar, através da Barra da Tijuca, até o porto do Rio de Janeiro. Depois, o caminho passou a ser terrestre pela Estrada Real de Santa Cruz, (hoje, Estrada Intendente Magalhães, Ernani Cardoso e Suburbana). Outro caminho era até o Porto Fluvial de Irajá. Daí seguia-se em pequenos barcos até a atual Praça Quinze.

Jacarepaguá era a região da cidade com mais engenhos de açúcar da época colonial. Os principais eram o Engenho da Taquara, o Engenho Novo (atual Colônia Juliano Moreira), Engenho do Camorim, Engenho D''Água, Engenho da Serra (atual da estrada do Pau Ferro e as encostas da serra da atual Estrada Grajaú-Jacarepaguá) e Engenho de Fora (atual região da Praça Seca).

Além dos Correia de Sá e seu ramo Sá e Benevides, a principal família dos tempos coloniais de Jacarepaguá foi a Teles Barreto de Menezes. Os monges do Mosteiro de São Bento também tiveram importante papel na história de Jacarepaguá. Os Beneditinos possuíam terras cultivadas e edificadas no Camorim, Vargem Pequena e Vargem Grande. Preservaram a Capela de São Gonçalo do Amarante e edificaram a Capeia de Nossa Senhora de Mont''Serrat.

Ao chegar o Império, Jacarepaguá mantinha seu aspecto agrícola. A cana-de-açúcar continuava a ser cultivada, mas a plantação de café tornou-se o mais importante produto econômico dos antigos engenhos. As terras estavam bastante divididas. Embora ainda imensas, as propriedades eram menores do que as do período colonial. A principal família continuava a ser a Teles Barreto de Menezes, tradicional do Brasil-colônia, cujos principais engenhos eram o da Taquara, o Engenho D''Água e o Engenho de Fora. Os Sá e Benevides perdiam a força do poder na região, a cada ano do império e nada possuíam em Jacarepaguá na época da Proclamação da República. Nascido em Jacarepaguá em 1839 e falecido em 1918 na sua casa da cidade no Arco dos Teles, na atual Praça Quinze. O Barão da Taquara foi grande benfeitor de Jacarepaguá. Construiu estradas, escolas e loteou diversas das suas terras, distribuindo muitos lotes para seus escravos alforriados antes da abolição da escravatura. Outro personagem de destaque em Jacarepaguá na época imperial foi o Coronel Tedim, proprietário do Engenho da Serra e grande amigo do Imperador Dom Pedro I.

O monarca brasileiro gostava muito de caçar nas terras do Coronel Tedim.

Sem perder o seu aspecto rural, o progresso chegou a Jacarepaguá, após a segunda metade do século XIX. Durante todo o período imperial, os meios de transportes eram as carroças, carruagens, tropas de cargas e montaria individual a cavalo. Os habitantes de Jacarepaguá tinham que enfrentar a poeirenta Estrada Real de Santa Cruz, para alcançar a cidade. Em 1858, o trem chegou à Cascadura, logo depois, em 1875, o Bonde puxado a burro ligava Cascadura, Freguesia e Taquara. Foi a maior revolução para o povo de Jacarepaguá. A distância entre a região e a cidade diminuiu bastante. O trem, movido a carvão, (a famosa Maria-Fumaça), tinha velocidade espantosa para a época.

O século XX chegou quando a República tinha onze anos. Jacarepaguá continuava agrícola. Mas o café perdia completamente o seu domínio. A atividade granjeira iniciava a sua presença em Jacarepaguá juntamente com o novo século. As chácaras se multiplicavam a cada ano para abastecer o mercado do Centro e das outras partes próximas da cidade, que, na época, já possuíam aspectos bem urbanos. Jacarepaguá, apesar de ser bastante rural, não abdicava de acolher as novidades do progresso.

A eletricidade entrava no bairro. Os bondes em 1912 deixavam de ser puxados a burro e foram eletrificados. O Barão da Taquara tinha uma linha de telefone, que ligava a fazenda da Taquara com sua casa do centro da cidade. O cinema mudo se instalava na Praça Seca. Um pouco mais tarde, na década de 1920, o futebol ganhava espaço no bairro. Na década de 1930, chegava a vez das Escolas de Samba, com o Vai-se-Quizer e Corações Unidos.

No início da década de 1960, os grandes loteamentos já modificavam boa parte do bairro em área urbana com seus problemas peculiares. Mas a atividade agrícola persistia na maioria das terras da região, fornecendo produção hortigranjeira para toda a cidade do Rio de Janeiro. A transformação do bairro, mudando completamente a fisionomia agrícola que vinha dos tempos coloniais começou a acontecer a partir da década de 1970, com a formação de grandes indústrias. Surgiram os enormes conjuntos residenciais e os loteamentos legais e clandestinos.

Assim, a população cresceu demasiadamente, fazendo Jacarepaguá uma cidade grande dentro de outra cidade, com todos os problemas inerentes dos intensos centros populacionais.

Apesar da brusca mudança, Jacarepaguá não perdeu a elegância dos tempos remotos. Há ainda lugares, como a Vargem Pequena e Vargem Grande, que servem de amostra da época agrícola do bairro.

Há também rico patrimônio de construções do Rio de Janeiro colonial: igrejas, sedes de engenhos e um aqueduto. Tudo isso ainda dentre nossas responsabilidades com o futuro está a de valorizar e conservar instalações que contribuem para a vida material e cultural da cidade: os Mananciais nas Serras Limítrofes, o Aeroporto, o Autódromo, o Rio Centro e um Horto Municipal. Junto às escolas, praças dos condomínios, centros comunitários, de importância local, são estes os legados que oferece a região para que se reconstrua o significado de ser carioca por épocas que estão por vir. Definitiva Metrópole.

Tudo isso em harmonia com as construções modernas, que também são patrimônios valiosos do bairro que sabe cultivar um charme através de, "Nos Braços da História, Jacarepaguá, Quatro Séculos de Glórias."

Orlando Júnior 


Bibliografia:

O SERTÃO CARIOCA
Magalhães Corrêa
Coleção Memória do Rio 5
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro

O VALE DO MARANGÁ
Waldemar Costa

BISPO DO ROSÁRIO
Galeria do Ibeu - Copacabana
Galeria do Ibeu -Madureira
Curadoria Marcio Doctors
Instituto Brasil - Estados Unidos, Galeria de Arte

JACAREPAGUÁ ATRAVÉS DOS TEMPOS
Marcia de Souza Santos - Livraria Ciência e Paz

JACAREPAGUÁ DE ANTIGAMENTE
Carlos Araújo - Carol Borges Editora

AS FREGUESIAS DO RIO ANTIGO
Noronha Santos - Edições Cruzeiro

IMAGENS DE JACAREPAGUÁ
Waldemar Costa

BAIXADA DE JACAREPAGUÁ: SERTÃO E ZONA SUL
Hélio Vianna
Coleção Bairros Cariocas
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
Secretaria Municipal de Cultura
Subprefeitura da Barra da Tijuca/Jacarepaguá

HISTÓRIA DO RIO DE JANEIRO (do capital comercial ao capital industrial e financeiro)
Eulalia Maria Lahmeyer Lobo - 1° e 2° volumes

JACAREPAGUÁ Reggie
Anna Carmem da Silva Fernandes
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
Secretaria Municipal de Educação e Cultura
Diretoria do E-15 Distrito de Educação e Cultura
Trabalho elaborado por Speranza França da Mata.

Agradecimentos ao escritor Waldemar Costa pela sua colaboração

SAMBA DE ENREDO

compositores
Makumba, Baianinho, Jurandir e Português
intérprete
Wantuir

Divina luz iluminou
A aura azul de Arthur Bispo do Rosário
Cinqüenta anos na Colônia
Em seus delírios criou um mundo libertário
Abre a cortina da História, para homenagear
Quatro séculos de glória, Jacarepaguá
A mando da Coroa Portuguesa
Donos da terra chegam para colonizar
Encontram índios, fauna e flora,
E solo fértil para cultivar


O senhor de Engenho
Plantou cana-de-açúcar e café
No terreirão da casa grande
Ergueu templos em louvor à sua fé


Na Estrada real de Santa Cruz
Caminho da Corte do Imperador
Yacaré-Upá e Guá
Voa nas asas do meu condor
Trouxe o progresso, a maria-fumaça
O motorneiro, o bonde assumiu
Dando um toque de modernidade
Na "Belle Epóque", o cinema surgiu
Centro das grandes convenções
Gigantesco parque industrial
Palco da velocidade
Paraíso do esporte radical
Foi com elegância a simpatia
Capital mundial da ecologia


Vou sacudir, vai balançar
Ser emergente, que emoção
Hoje eu sou Jacarepaguá
E Jacarepaguá é Tradição

Apuração Especial RJ 1999
02:01:59
GRES Tradição 1999 M
01:31:32
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